Historia da Aquariofilia

                                                           Os primeiros aquários

Foi provavelmente no início do século XIX que surgiram os aquários que hoje conhecemos. Até então, só há registos de peixes criados, durante alguns anos, em frascos de vidro. O ponto decisivo deu-se em 1850, quando um tal R. Harrington apresentou um relatório à Chemical Society de Londres, Inglaterra, descrevendo a forma como conseguia manter com êxito um aquários. Ocaso despertou grande interesse e lançou a aquariofilia como um passatempo que se tornaria muito popular.

Em 1852, a London Zoological Society, iniciou a construção do primeiro aquário público, inaugurado no ano seguinte. Seguiu-se um segundo nos Zoological Gardens de Surrey, também na Inglaterra, antes de surgirem por toda a Europa grandes aquários públicos de água doce, exibindo exemplares nunca vistos, admirados por filas intermináveis de visitantes curiosos.

Os primeiros aquariófilos amadores mantinham apenas peixes indígenas. Nas cidades costeiras, tentava-se a criação de espécies marinhas, enquanto no interior praticamente todas as espécies de água doce era mantidas em cativeiro. Embora os peixes de água doce fossem, em geral, mais acessíveis e populares, os livros sobre peixes escritos na época tratavam sobretudo de peixes marinhos de águas frias. 
Muitas das plantas aquáticas locais descritas nesses volumes são hoje raras, uma prova lamentável dos efeitos a longo prazo da poluição dos nossos cursos de água. Ter um aquário em casa depressa se tornou moda em Inglaterra Vitoriana. Como não havia tanques já prontos à venda, publicavam-se livros com instruções detalhadas sobre como construir um aquário. Essas estruturas eram, em geral, mais decorativas do que funcionais. Num dos modelos clássicos, a parede da frente era de vidro e as outras de madeira (um revestimento de alcatrão tornava-a estanque) ou ardósia. Havia à venda diversos recipientes e campânulas de vidro, mas os aquários era em geral longos e feitos à mão, encaixados num nicho para poderem ser vistos facilmente.


O entusiasmos pela criação de peixes, levou os aquariofilistas a construírem tanques de todos os feitios



Em pouco tempo, a aquariofilia transformou-se num desafio, não só à imaginação do público como também à dos entusiastas interessados em manter aquários cada vez mais ambiciosos. Em 1857, H. Noel Humphreys publicou Jardins em Oceanos e Rios – História dos Aquários de Água Doce e Salgada, onde afirmava: Um dia teremos aquários tropicais, onde a temperatura e características dos mares dos trópicos serão reproduzidas com êxito”.

Princípios Básicos

O perspicaz Humphreys não só previu a invenção do aquecedor e do termostato, que permitiriam expandir gradualmente a gama de criaturas possíveis de manter num aquário, como foi, também, um dos primeiros a reconhecer a importância da química na criação de peixes. Além disso, reconheceu um princípio que ainda hoje é, muitas vezes, ignorado pelos aquariófilos – o factor crítico do nível de ocupação. Comentando o aquário de um amigo, declarou:” Embora o seu interessante tanque não parecesse demasiado povoado, ele veio a descobrir que ultrapassara o limite de ocupação e que as criaturas não conseguiam adaptar-se a viver numa área de dois centímetros quadrados para cada indivíduo”. Tal como Humphreys previa, o aquecimento, a iluminação e o sistema de filtragem foram gradualmente introduzidos, embora de início fossem muito rudimentares. Muitos dos primeiros tanques tinham o fundo em ardósia e eram aquecidos por baixo através de um pequeno queimador. Com o aparecimento de aquecedores e termóstatos mais sofisticados, os aquários passaram a ser construídos com vidro e uma estrutura metálica.


Novos Métodos


À medida que o equipamento se desenvolvia e melhorava, os aquariófilos começaram a procurar variedades diferentes de peixes. As pessoas começaram a cansar-se das espécies indígenas, pouco interessantes, normalmente disponíveis. Um dos raros peixes não locais mencionados nos primeiros livros sobre aquários é o peixe-vermelho: uma publicação norte-americana de 1858 e uma obra inglesa datada de 1890 notam que, embora considerado uma espécie de água fria, o peixe-vermelho ocorre nos climas quentes e sobrevive a uma temperatura de 27 ºC. O interesse pelos aquários reacendeu-se com a introdução dos coloridos peixes tropicais, como o peixe-paraíso, que se popularizou na Alemanha por volta de 1876 e de que há registo na Inglaterra em 1890. Desde então, a aquariofilia não parou de se desenvolver. Surgiram sociedades aquáticas, organizaram-se exposições e concursos. Esses eventos angariavam novos entusiastas e o passatempo foi florescendo, mesmo durante os anos austeros da Segunda Guerra Mundial. Nessa altura, era impossível manter aquários de água salgada, visto que esta corroía as estruturas metálicas, produzindo toxinas fatais para as espécies marinhas. Para combater esse problema, as estruturas passaram a ser galvanizadas, dotadas de um revestimento especial ou feitas de aço inoxidável. A verdadeira revolução deu-se, porém, com o aparecimento da cola de silicone, nos anos sessenta. Permitiu que se construísse, pela primeira vez, aquários todos de vidro, numa variedade de tamanhos e formas. Os tanques podiam agora ser facilmente deslocados, sem correr o perigo de partir a massa que unia as placas de vidro. As estruturas tornaram-se oboletas, embora muitas vezes se acrescentassem umas de plástico, por motivos decorativos.

Aquários Modernos

Nos nossos dias, o acrílico substitui o vidro na construção de aquários de formas invulgares, como os hexagonais. Como esses tanques “inovadores” são cada vez mais económicos e os fabricantes produzem plásticos mais resistentes e duráveis, os aquários em acrílico são hoje uma alternativa esteticamente aceitável e muito mais leve do que o vidro. Os velhos aquários com arestas de ferro foram trocados por recipientes bonitos e práticos, que combinam com qualquer estilo decorativo. Aquecimento, iluminação, filtro e sistema de ventilação, foram também melhorados, proporcionando maior segurança e eficiência. Além dos progressos no equipamento, muitas espécies de peixes foram condicionadas de modo a apresentarem barbatanas mais longas, coloridos mais vivos e formas de corpo diferenciadas (reprodução selectiva que é muito discutível do ponto de vista ético). Existe hoje uma preocupação crescente com o bem-estar dos peixes em si, e com as espécies aquáticas. Muitos zoos e aquários públicos adoptaram programas de criação em cativeiro de espécies ameaçadas, em geral auxiliados por reputados aquariófilos particulares. Assim, tem-se tentado preservar a vida aquática e alargar os nossos conhecimentos acerca deste mundo fascinante.

Piscicultura Moderna

Os piscicultores de hoje possuem meios que os ajudam a estudar as condições de vida e de reprodução dos seus peixes. Um maior conhecimento possibilita que os peixes se reproduzam em grandes quantidades com objectos comerciais, permitindo que as reservas naturais se mantenham intactas. Ainda que muitos peixes de água doce já se reproduzam em cativeiro, a reprodução dos peixes marinhos continua em fase experimental. Contudo, os aquariofilistas devem estar informados sobre o modo de recolher peixes do seu mundo natural. O Cianeto, por exemplo, pode ser utilizado para captura de peixes de recifes, ainda que as condições do seu transporte sejam difíceis. Faz pouco sentido comprar um exemplar que não se adapte à vida do aquário, o que acontece muito com peixes marinhos. Felizmente muitos países começam a regulamentar ou proibir exportações de certos peixes para aquários, até que os seus habitats e stocks se restabeleçam.

Fonte: clientes.netvisao.pt/pedrogam/historia.htm (27 Junho 2011)